Cores da Suíça em junho-19

12 Maio

Genebra – montreux -grindelwald – interlaken – lauterbrunnen! – lucerna – Zurique

Até breve

24 Abr

As coisas acontecem

24 Abr

Perceber o entorno faz captar o momento para lembrar . Olhos abertos.

Natureza na estrada

24 Abr

Viagem de bike – os 4 tempos

21 Abr

Subida – empurrando ao prazer da descida

Descida – distância encurta alegremente depressa para chegar

Carona – dúvida no “pode subir” e olhar sereno no “até breve”

Parado – ando pensando

Estradas pelo caminho

21 Abr

Para alcançar objetivos, treinamento e foco, não tem jeito.

Como diz grande amigo Zé Eduardo:

você luta como treina

1ano e 2meses de preparação para 6dias de viagem, ora carregando Francisco (14kg morro acima), ora pedalando longe para treinar resistência, não foram suficientes para prever eixo traseiro quebrado entre Cambará e Ausentes, rolamento estourado em Armazém, muitos ajuste na correia e freios, e quadro trincado em alguma estrada de chão embarrada entre pinheiros e pinhões, gaviões, corucacas e pica-paus, rios, nascentes, banhados e cachoeiras, lebres, cachorros, cavalos e graxains, maguaris e seriemas, gralhas-azuis e tucanos-barulhentos, neblina, ventania, chuvada e escuridão, tudo nos Campos de Cima da Serra.

453 km pedalando

152km embarcado (6caronas, de camionete carregada de pinha e del rey, até companhia de salamandra na caçamba encharcada)

Findou-se a estrada

O que o ciclista sabia fazer que era trocar pneu, não precisou…

E o apoio pela retaguarda, fundamental para tudo acontecer. Nikolle, Francisco, Vó Márcia e vô Remy.

Casas pelo caminho

21 Abr

Nos sentimos bem em casa. Conforto e segurança.

E as vezes mudamos o teto… mas só por pouco tempo.

Nossa casa é nossa alegria.

E quem habita dentro…

Dias depois

21 Abr

Depois de rodar 6 dias, parte de bicicleta, parte de carona, o encontro especial hoje… carinho fundamental para chegar, amanhã, 22.4…

Partida e destino…

16 Abr

16.04.2021 – a pedalar

22.04.2017

6 Maio

Aniversário abril 2017

acordo 4min depois da meia noite, dia 22 de abril de 2017. Leve aroma de esterco de vaca queimado. No forno do ger, somente as cinzas do que antes foram, sim, esterco de vaca.

Primeiro pensamento, Celo, meu irmão que nasceu no mesmo dia, 2 anos antes, que já tem Angelo, 2anos, e Bento, 4 dias de vida. Ele, no brasil, eu longe. Mongólia

Escuro, silêncio, solidão…

Ger, típica casa mongol tem forma externa arredondada, como se coberta por uma lona cor de neve, com telhado do mesmo material, de forma piramidal, com um orifício no topo, estilo claraboia, para entrada de ar, que se fecha com um sobre-teto, e com uma chaminé para saída da fumaça do fogão central. No interior, paredes traçadas com ripas de madeira transfixadas com pregos de couro amarrado, coberto com pele e lã de carneiro típico. Ao centro, o fogão, com caixa metálica repleta de combustível bovino seco, com odor sutil característico, que marca e não incomoda, e que aquece os típicos extremos ventos mongois do deserto, que baixam a temperatura noturna para quase -40 nos invernos daqui. Ainda no Ger, nas laterais do refúgio, camas com colchões de lã e cobertores, do mesmo material, móveis simples, com cores marcantes, que decoram de maneira incrivelmente bela. Tapetes coloridos cobrem o chão de barro, confortando os pés do pastor que tem vida simples, interiorana, feliz. Feliz pelo que tem, pelo silêncio que escuta todos os dias, pela satisfação do precisar pouco, o suficiente para viver.

No dia anterior, 21 de abril, feriado no Brasil, trabalho na Mongolia.

Viver,conviver e trabalhar com familia nômade mongol.

Nunca imaginei pastorear carneiros quase selvagens na borda do deserto de Gobi, junto ao patriarca, atento ao ataque de lobos, e sua filha, rapida e rasteira, sempre pelo atalho.

Nunca imaginei que ouvir o rosnar da matilha, em uma noite escura e gelida, junto com o latido dos caes de guarda, quase tao assustados quanto eu, fosse o que fosse.

Nunca imaginei ter aquela sensaçao de querer estar mais fora do que dentro da protecao do ger, para sentir e tentar ver o que a natureza estava presenteando durante o correr da noite.

Nunca, mas que naquele agora estava acontecendo.

Muito tempo para pensar, e imaginando o segredo de tanta sabedoria deste povo: silêncio.

Com o silêncio o pensamento deste povo voa longe sem perceber. E quão longe vai, ele mesmo decide. Com a mente aberta, a sabedoria adquirida passa a fazer parte.

Ser saudável depende disso. Ter uma vida valorosa faz as coisa acontecerem. As vezes, o silêncio precisa fazer parte da rotina. Uma bela companhia, dizem. Pensar sem pensar. É assim que funciona. E o que vem na mente é o que realmente importa no momento.

No momento de sair do Ger, dia seguinte, dia de completar 36anos e comecar a viver o trigesimo setimo ano de vida, já estava preparado e já havia sido alertado sobre a brisa que corre no deserto a noite, porem descobriria, somente já no exterior, que todas minhas roupas disponiveis, vestidas, não seriam suficientes. -16graus, frio. Gelado.

Foi uma caminhada as cegas, rumo a um terreno já conhecido no dia anterior, mas que se mostrava diferente. Algumas estrelas, poucas, e noite, escura e assustadora. Alguns sons naturais, uns distantes, outros próximos, mostrando natureza viva. Medo que passava em forma de arrepio e susto. 50min foram suficientes para ir longe e retornar. De volta ao calor das cobertas, adormecer leve, pronto para mais um despertar. Este não demorou, e veio as 4hs e 45min. -10graus.

Sobe montanha, sol nascente na topo distante, luz lilas.

Tempestade de neve horizontal.

Resolvi correr. Correr na encosta do parque nacional. Correr para dentro daquela natureza que abraçava tudo em volta. Afinal, estava comecando mais um ano de vida celebrada diariamente.

Alias, percebi que esta é a melhor maneira de deixar a vida passar: celebrando diariamente.

E no final deste inicio de dia, cruzar manada de alces, alcancar cavalos tahki, únicos, e voltar para comecar o dia.

Continua…